Avaliar o cenário atual das mulheres no mercado de trabalho nos exige a ação de voltar no tempo e entender como tudo aconteceu – e está acontecendo. O que também nos permite olhar adiante, para o futuro, na busca por um ambiente de trabalho melhor e mais justo.
Neste blog, veja um breve histórico do movimento histórico. Na sequência, inspire-se em ideias para criar ações inclusivas no mês da mulher da sua empresa. Afinal, só acreditar na igualdade de gênero não basta, é preciso reconhecer e atuar nesse aspecto.
O começo da história das mulheres no mercado de trabalho
Ao estudar a história, vemos que a entrada das mulheres no mercado de trabalho iniciou durante a revolução industrial. Esse é um dos principais marcos, que ganhou força a partir de 1930, quando houve um grande aumento pela mão de obra, abrindo espaço para elas.
Importante avaliar que o processo de industrialização começa em 1760. Porém, esse novo cenário foi evidenciado mais tarde nas duas Guerras Mundiais – 1914 a 1945. Durante esses anos, os homens foram convocados para defenderem seus países em batalhas.
Com a demanda mercadológica, a indústria precisou se reinventar. Então, se até então as mulheres se dedicavam exclusivamente aos serviços domésticos, no cuidado com a casa e com os filhos, agora começa a atuar fora do lar, “vendendo” o tempo delas para as fábricas.
O problema é que essa introdução foi totalmente marginalizada, principalmente pelo fato de que elas ganhavam salários menores, mesmo quando exerciam as mesmas funções dos homens. O que explica o surgimento do movimento feminista, mais tarde, na década de 70.
Uma das conquistas foi a regulamentação da jornada de trabalho e remuneração, que entrou na Constituição de 1932. Veja alguns pontos:
- Art. 1º – Sem distinção de sexo, todo trabalho de igual valor deve ter salário igual;
- Art. 2º – O trabalho da mulher é vedado desde 22 horas até as 5 horas;
- Art. 7º – É proibido o trabalho à grávida 4 semanas antes e 4 semanas após o parto.
Atualmente, elas ocupam todos os setores do mercado e, inclusive, cargos de liderança. Algumas companhias se mostram interessadas em reconhecer o valor delas com pagamentos de salários e benefícios corporativos compatíveis com o do público masculino.
Apesar da evolução, ainda há desafios
Após esse resumo em poucas estrofes, é possível imaginar que o caminho que marca a presença, cada vez mais comum, das mulheres no mercado de trabalho foi longo. Mesmo assim, ainda estamos distantes de um cenário ideal. Abaixo, veja os desafios atuais!
A diferença salarial ainda é uma realidade
Apesar de ser um assunto que há muito se discute, ainda há uma grande discrepância nos salários de homens e mulheres. O status quo da sociedade mostra a presença feminina cada vez mais representativa, porém, o que não vem acompanhado dos pagamentos.
Ou seja, uma mulher que ocupa um mesmo cargo e exerce as mesmas funções, não recebe o mesmo que um homem que faz o mesmo trabalho. Ainda que a prática seja proibida por lei, conforme Artigo 461 da Consolidação das Leis de Trabalho:
– “Sendo idêntica à função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, no mesmo estabelecimento, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, etnia, nacionalidade ou idade”.
No ano passado, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) apresentou um estudo mostrando as diferenças de gênero no mercado de trabalho em uma análise da última década. A pesquisadora responsável foi a Janaína Feijó, que concluiu:
“A maior parte dos indicadores de mercado de trabalho apresentou melhorias na última década. Contudo, as desigualdades de gênero são muito persistentes, e as disparidades entre homens e mulheres permanecem elevadas”.
A jornada de trabalho dupla – ou tripla!
Você pode conhecer um pai que ajuda nas tarefas domésticas. Assim como uma mãe que tenha jornada única, exclusivamente fora de casa. Entretanto, esses casos não representam a maioria das situações nas famílias brasileiras e mundiais.
O que temos, de verdade, é a chamada jornada dupla de trabalho. E, com certeza, você também conhece mulheres nessa situação. Ou seja, que fazem o trabalho doméstico, assim como ocupam outra parte do dia com tarefas fora desse ambiente.
Neste cenário, o principal “efeito-colateral” é notável: mulheres cada vez mais sobrecarregadas, sem tempo para o autocuidado. O que pode ser impulsionado na maternidade, mais uma missão na vida das mulheres, já que muitas são mães solo.
Então, saímos de um conceito de jornada dupla para uma jornada tripla. Por isso, a maioria das mães precisa deixar as crianças em creches ou na casa de parentes bem cedo, de modo a voltarem a rotina cansativa e intensa de trabalho doméstico e fora de casa.
E tem mais: quando precisam sair dos empregos formais, as mulheres demoram mais para retornar ao mercado, comparado aos homens. Foi a conclusão de um estudo publicado na USP (Universidade de São Paulo), após análise dos impactos da Covid-19.
A cultura machista permanece em muitas empresas
Mais um dos desafios que precisam ser mencionados tem a ver com a cultura empresarial, que revela muito sobre a política corporativa mundial. Dessa forma, começa com a sobrecarga de atividades atribuídas ao gênero feminino e vai até o preconceito na execução de tarefas.
Esse pensamento abre espaço para as oportunidades de assédio no ambiente de trabalho, indicando um dos principais sinais de desrespeito contra as mulheres. Pesquisa recente da Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial) mostrou isso – e muito mais:
- 72% das mulheres sofreram assédio no trabalho;
- 34% sentem a desigualdade na remuneração;
- 22% veem que não tem oportunidade de promoção.
Os motivos, na visão delas, também impressionam: metade (50%) dizem que a subestimação de suas capacidades é o principal impedimento. Para 47%, expressar suas opiniões e serem julgadas por elas ainda é o mais causa essa falta de oportunidade.
Essa pesquisa, “A mulher na comunicação – sua força, seus desafios”, foi publicada em vários portais de notícias e trazem outras informações relevantes. Você pode acompanhar na íntegra quando quiser, por aqui.
Ideias de ações para o mês da mulher na empresa
Mundialmente, março é o Mês da História da Mulher. E o dia 8 é o marco principal, conforme a Organização das Nações Unidas (ONU). No Brasil, as mesmas datas, sendo que as empresas podem aproveitar o mês da mulher para criar ações. Veja algumas!
Treinamento de combate ao preconceito de gênero
Uma boa sugestão é investir em treinamentos de combate ao preconceito de gênero. Acima, vimos que essa ainda é uma realidade, mesmo que aconteça de forma “inconsciente”.
Homens e mulheres precisam fazer reflexões acerca do assunto, inclusive, para observar suas próprias posturas diante das atividades do dia a dia.
Capacitações sobre saúde mental
Outra dica é pensar em movimentos em prol da saúde mental. Até porque as mulheres têm 40% mais chances de sofrerem transtornos mentais. Se pensarmos na depressão, o percentual é ainda maior: 75%.
Logo, esse cuidado se torna essencial para uma melhor qualidade de vida e a sua empresa pode fazer parte disso.
Palestras com mulheres inspiradoras
O Brasil também fez parte desse movimento mundial de evolução no mercado de trabalho feminino. Temos muitas protagonistas com narrativas que emocionam. Que tal uma palestra delas?
Aliás, na sua empresa tem mulheres que inspiram outras mulheres, sabia? Talvez, essa seja uma ideia incrível para colocar em prática no mês da mulher.
Sorteios de livros relacionados ao tema
Essa sugestão também é interessante porque agrega com o incentivo à leitura. O sorteio de livros focado nessa data pode estimular a busca das pessoas por entender os movimentos do mercado de trabalho.
Entre as principais autoras, considere: Angela Davis e Chimamanda Ngozi Adichie, entre outras.
As mulheres no mercado de trabalho e a gestão humanizada!
Quando se avalia as mulheres no mercado de trabalho, e o histórico acima, fica claro que não se trata apenas de uma participação feminina. Elas são a própria mudança! E a boa notícia é que o mundo corporativo está mudando, a partir da voz e do poder das mulheres.
Os novos valores desse ambiente devem ser entendidos socialmente e implementados a partir da colaboração e empatia de todos os gêneros. Essa quebra de estereótipo tem uma relação de ganha-ganha, sendo que as empresas são as maiores beneficiadas.
Para uma gestão que preocupa e incentiva a igualdade de gênero, humanize-a. No blog, trazemos informações atualizadas acerca desse assunto, de uma cultura que valoriza as colaboradoras e os interesses delas, desde a entrevista de emprego até os benefícios.